Bicicletas, dores e outras aflições


Tudo começou há um tempo quando minha irmã ganhou uma bicicleta montada pelo meu tio e não tinha muitas chances de andar na região onde minha avó mora. Nos meses seguintes sempre surgia o assunto da bicicleta: quando buscaríamos, quem buscaria e o principal - como buscaríamos. Porque temos que levar em conta a distância considerável entre a casa da minha avó e onde eu moro atualmente. E além da distância há também o fator geográfico da situação, pois Franca não é a "Cidade das Três Colinas" à toa.

Resolvi aproveitar esses meus dias de folga para finalmente trazer a bicicleta de minha irmã e também uma outra que estava parada por lá. Convidei meu intrépido companheiro Rodrigo Kairala para participar dessa aventura comigo e juntos traçamos a melhor rota para evitar as ladeiras. No final do post está o mapa com o trajeto que fizemos.

Os preparativos incluíram: garrafa com água (que esqueci de colocar pra gelar momentos antes), celular (para músicas e pedidos de socorro, caso necessário), fones de ouvido e documento (meu, não da bicicleta). O tempo colaborou e não estava chovendo e o sol já abrandara. Estávamos bastante animados, Rodrigo e eu, porém não nos davam muito crédito nessa nossa investida. Minha avó achava que não andaríamos no dia seguinte. Apesar de todo esse descrédito, fomos ao desconhecido!

Na primeira esquina eu já quis cancelar essa empreitada toda! Estou acostumado demais com espelho retrovisor, estou acostumado demais a não precisar pedalar; afinal de contas tenho uma moto, estou acostumado demais a mudar as marchas de um jeito só (esse negócio de girar pra cima e pra baixo até deixar a corrente na posição certa não foi fácil) e o mais importante: estou acostumado demais com um banco confortável, coisa que selim de bicicleta não é, nunca foi e jamais será!

A cada pedalada eu sentia uma pontada em ossos até então desconhecidos, que chamarei carinhosamente de "entre-cu" (na verdade eles se chamam ísquios) e não achava posição em que doessem menos... depois meus joelhos começaram a doer também e eu parava algumas vezes para tomar água e esticar as pernas. O difícil era conciliar a dor no entre-cu e nos meus joelhos, desviar dos carros, motos, caminhões e desviar dos milhões de buracos que esta cidade tem e que misteriosamente se multiplicam por aí.

12km e cerca de uma hora depois chegamos a minha casa e eu nunca fiquei tão feliz em avistar a cruz que tem na rotatória aqui perto. Ainda conseguia andar, mas levou um tempinho até aliviar a dor no entre-cu. 

A experiência, no entanto, foi muito boa e logo devo andar mais... assim que tiver dinheiro para comprar um selim do tamanho de uma almofada.



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1 Response to Bicicletas, dores e outras aflições

  1. Até hoje não encontrei um selim se bicicleta confortável. Creio que existam em outra dimensão...
    E eu prefiro andar mais que enfrentar as ladeiras de Franca! Pior que aqui, só Ouro Preto.