CENA


Rodoviária, noite. Parada número 13. Os passageiros embarcando no ônibus. Os funcionários da empresa organizando as malas e encomendas dentro do bagageiro do ônibus.
- Será que eles tem um número certo de coisas para colocar aí dentro? Quer dizer, será que é sempre um mesmo número toda vez? Toda viagem?
- Ou pelo menos ter uma forma de guardar isso tudo né?
- Eu nunca entendi muito bem a matemática disso.
- Ah... (olha no relógio) acho que já vou subir, o ônibus vai sair daqui a pouco.
- Isso. Não vão ficar esperando porque um passageiro ainda não se despediu... então, boa viagem.
- Eu vou sentir sua falta.
- Por favor não diga isso. Nós combinamos que seria uma despedida rápida e objetiva. Sem flashbacks e nem relembrar pontos altos.
- (como se não tivesse sido interrompido) É sério.
- (tom sério) A escolha foi sua.
- Não chegou a ser uma escolha.
- Dá no mesmo.
- É a minha chance de fazer algo acontecer.
- Bom, eu não quero ser o responsável caso aconteça o contrário. O ônibus vai sair.
- Eu vou sentir sua falta.
- Você se acostuma. É como dizem: cidade grande nunca para. Você vai conhecer alguém.
- Tchau.
Entra no ônibus. Outros dois passageiros também entram. As portas se fecham.

PS - Continua....

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