#será?


LÉO (voice over) – Dizem que durante as madrugadas o cérebro de algumas pessoas torna-se mais aguçado, produtivo... É sempre um ótimo momento para criações, descobertas; visitas ao fundo de si mesmos trazendo à tona músicas, sonetos, livros completos. (pausa) Não no meu caso. (câmera focaliza a janela aberta de um pequeno complexo residencial de apartamentos. Uma luz acesa nessa janela, uma figura masculina debruçada no beiral. A câmera se aproxima e então pode-se ver o narrador Léo) Eu não sou nenhum tipo de jovem revelação talentosa, tampouco desenvolvi alguma teoria revolucionária. Estou por aí, indo e vindo, tentando sacar qual é a disso tudo, entende? Meu trabalho é comum, num lugar comum, cercado por outras pessoas comuns. Mas aí de repente vem aquela sensação de que falta alguma coisa, de que não é bem por aí e que a vida tem, sim, mais a oferecer. Já sentiu essa sensação antes?

TÚLIO (voice over, até debruçar-se na janela também) – Já, é fome. Você viu meu isqueiro por aí?


Léo entrega o isqueiro. Os dois acendem um cigarro e ficam olhando a cidade.

Corta para abertura.