Rotina


E então chega a noite e eu vou tomar banho. Separo a toalha e a cueca branca, que não é só mais uma cueca branca, é AQUELA cueca branca. Aquela que estava usando quando nos vimos pela primeira vez, quando nos deitamos pela primeira vez, quando nos percebemos pela primeira vez.
E chega a parecer que nela estão todas essas impressões, todos esses momentos, todos os toques, todos os beijos, todos os olhares, todos os carinhos de quando dormimos. E ela já não fica tão branca, pálida, apática... tem cores, vida e se aproximar e prestar atenção, escuto as vozes das confissões ditas apenas entre os gemidos, mas que de tão intensas e verdadeiras deixaram sua estampa não somente no meu coração.
E eu me lavo sentindo a presença dele na minha frente, como se visse os cabelos molhados e os pêlos eriçados pela água que sai do corpo enquanto eu molhava meus próprios. E vejo seu sorriso e sinto a pele.
E me enxugo como se me enxugasse nele, como se quisesse deixar nele tudo isso que ele deixou em mim. E espero. E me deito.
E viro para o lado. Não o vejo, mas a respiração dele está ali... calma, segura, tranqüila. Uma paz que é nossa, num momento que é só nosso e que se repete todo dia, assim que me levanto.

A você, Mr. Ribbs, meu sincero gostar.

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